17 junho 2006

Pitágoras e a crença na reencarnação.


Allan kardec, no Livro dos Espritos, n.º 222, escreve o seguinte:

«Não é novo, dizem alguns, o dogma da reencarnação; ressuscitaram-no da doutrina de Pitágoras. Nunca dissemos ser de invenção moderna a Doutrina Espírita. Constituindo uma lei da Natureza, o Espiritismo há de ter existido desde a origem dos tempos e sempre nos esforçamos por demonstrar que dele se descobrem sinais na antiguidade mais remota. Pitágoras, como se sabe, não foi o autor do sistema da metempsicose; ele o colheu dos filósofos indianos e dos egípcios, que o tinham desde tempos imemoriais. A idéia da transmigração das almas formava, pois, uma crença vulgar, aceita pelos homens mais eminentes.»
(...)
«Portanto, ensinando o dogma da pluralidade das existências corporais, os Espíritos renovam uma doutrina que teve origem nas primeiras idades do mundo e que se conservou no íntimo de muitas pessoas, até aos nossos dias. Simplesmente, eles a apresentam de um ponto de vista mais racional, mais de acordo com as leis progressivas da Natureza e mais de conformidade com a sabedoria do Criador, despindo-a de todos os acessórios da superstição. Circunstância digna de nota é que não só neste livro os Espíritos a ensinaram no decurso dos últimos tempos: já antes da sua publicação, numerosas comunicações da mesma natureza se obtiveram em vários países, multiplicando-se depois, consideravelmente.»

Quem foi Pitágoras?

Pitágoras (570-500 a.C.) foi um filósofo e matemático grego, mas também lider religioso, místico. Nasceu em Samos, ilha grega na costa marítima do que hoje é a Turquia. Em Mileto, cidade grega, aprendeu Matemática com Tales (624-546 a.C.), o fundador da Matemática grega. Viajou muito, estudando com sábios: Egipto, Babilônia; Índia, onde terá firmado sua crença na reencarnação, encontrando Buda.
Em torno de 525 aC, Pitágoras mudou-se para Crotona, uma cidade ao sul da Itália, onde fundou a Ordem Pitagórica, escola filosófica que chegou a juntar 300 alunos, atraídos pelos ideais de respeito e justiça em harmonia com a natureza, e cuja existência se prolongou por mil anos desde sua fundação. A Escola Pitagórica tinha um caráter peculiarmente duplo: por um lado, dedicava-se a questões espirituais: os pitagóricos acreditavam na imortalidade da alma e na reencarnação e tinham a auto-reflexão como um dever consciente e imprescindível na espiritualização da vida; por outro lado, como parte dessa espiritualização, incluía estudos de Matemática, Astronomia e Música, o que lhe imprimiu um carácter também científico, no sentido moderno da palavra. O estudo da Matemática - confundindo-se com a filosofia, pois "tudo é número" - era feito para promover a harmonia da alma com o cosmo.
************
Dentre os princípios filosóficos que norteavam a escola pitagórica, destacam-se:
- a alma é imortal e reencarna-se;
- os acontecimentos da história repetem-se em certos ciclos;
- nada é inteiramente novo;
- todas as coisas vivas são afins;
- os princípios da Matemática são os princípios de todas as coisas: o universo se sustenta no equilíbrio dos números.
************
Ensinava-se a reencarnação, o aperfeiçoamento do homem, a astronomia, as virtudes e a obrigação com os deveres sociais. A disciplina era austera, pois o mal que atrasa a evolução do indivíduo tem origem nos abusos, nos vícios, e por consequência, no descontrole emocional. A disciplina vegetariana, a libertação dos desejos grosseiros e da ganância, o controle do egoísmo e do medo, a capacidade de perdoar as ofensas, segundo o pensamento pitagórico, fortalecem o carácter e mudam a visão curta da vingança para o perdão que quebra a dolorosa corrente da lei do talião. Para Pitágoras “Cada homem é para si mesmo, em absoluto, o caminho, a verdade, a vida”, antecipando o “Reino de Deus está em vós” ou o “Procurai em vós a solução sem cobrá-la dos outros”. Feliz é quem se satisfaz, controlando vaidades e ambições mundanas, pensando na eternidade que o espera e trazendo para si a felicidade e o êxtase da presença de Deus em seu íntimo.
A comunidade pitagórica de Crotona, inofensiva por natureza e voltada para a busca da paz, durou pouco. Sua fama despertou o interesse da juventude, de pessoas mais sensíveis, mas também o temor dos detentores do poder e da riqueza material que governavam com mão de ferro os territórios vizinhos e se sentiram ameaçados, porque sustentava Pitágoras que “O Estado existe para o benefício do governado”. A comunidade foi cercada; incendiada; discípulos morreram. Pitágoras conseguiu escapar, peregrinou pela Itália por mais duas décadas, transmitindo seus ensinamentos. Morreu com quase cem anos.

Dentre os principais nomes da Escola Pitagórica destacam-se:
Filolaus de Tarento (nasceu c. 470 a. C. e morreu c. 390 a. C.),
Arquitas de Tarento (nasceu em 428 a. C. aproximadamente)
e Hipasus de Metapontum (viveu por volta de 400 a. C.).
O pitagorismo influenciou fortemente as obras de Demócrito de Abdera e Platão.
Alguns séculos mais tarde houve uma revivência da Escola Pitagórica, e seus protagonistas passaram a ser chamados de neo-pitagóricos. Dentre esses destacamos Nicômaco de Gerasa, que viveu em torno do ano 100.

A Lei da Reencarnação.


«O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espirito, é espírito. Não te maravilhes de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo.» Evang. S.João, Cap.III.

«A cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas a suas impurezas não precisa mais das provas da vida corpórea.» Allan Kardec, O Livro dos Espiritos, n.º 167.