20 maio 2008

Mesas Girantes - 1



No século XIX, ocorreu e generalizou-se, na América, na Europa e noutras partes do mundo, o fenómeno conhecido como "mesas girantes" ou "danças das mesas".

Pessoas sentadas a volta de uma mesa, eram surpreendidas pelo movimento inexplicado desta ou de outros objectos, por ruídos insólitos ou golpes deferidos sem que fosse compreensível, ostensiva ou conhecida a causa destes fenómenos.

O movimento dos objectos, em particular das mesas, não era um movimento circular, regular, próprio das leis conhecidas do Universo, mas antes se revelava brusco e desordenado, nunca se produzindo de maneira idêntica. A mesa e demais objectos eram sacudidos com violência, derrubados, conduzidos numa direcção qualquer e contrariando todas a leis da estática, mantidos em suspensão no ar.

Ainda assim procurou-se explicar tal fenómeno pelas leis ainda desconhecidas da física, por exemplo da electricidade então no início do seu estudo e compreensão científica.

Depressa se percebeu, quem sabe por intuição, que o movimento desses objectos não era somente o produto de uma força mecânica e cega, mas antes nele existia uma causa inteligente, revelando a existência de manifestações inteligentes que se comunicavam com os presentes através desse fenómeno próprio a atrair a atenção.

Alguns dos presentes tiveram a ideia de fazer perguntas e estabelecer um código para resposta da entidade que se manifestava através do movimento da mesa, por sim ou não, uma batida do pé da mesa para sim, duas batidas para não. Depois, motivado pelo seu cesso das primeiras respostas por sim e por não, novo código foi estabelecido: deu-se um número de ordem para cada letra do alfabeto, a manifestação respondendo pelo numero de batidas do pé da mesa, correspondendo a letra, juntando se as letras, formando palavras e frases, assim obtendo-se respostas mais completas que surpreenderam os presentes.

O ser que respondia apresentou-se como um Espírito, a alma de um homem que havia vivido tal como os presentes e que, morto o corpo físico, a este sobrevivera.

Esse Espírito então disse como obter meio de comunicação mais célere: explicou que o fenómeno dependia do fluido humano presente em maior proporção nas pessoas dotadas de mediunidade de efeitos físicos. E que atassem um lápis a uma cesta, a colocassem sobre uma folha de papel e alguns dos presentes, mais do que um, designados pelo Espírito como dotados dessa mediunidade (médium = intermediário entre o mundo físico e o mundo dos Espíritos), colocassem cada um, em conjunto, a ponta de um dedo sobre a orla da cesta. Depois substituiu se a cesta por uma prancheta.

O contacto entre os dedos dos médiuns e o objecto permitiam envolver este como o fluido, e assim, o Espírito podia manipular o objecto fluidificado, escrevendo mais rápido, dando resposta mais completas e mais céleres.

Assim também se explica a anterior manifestação das mesas e demais objectos, pela presença dos médiuns, usando o fluido mediúnico para agir sobre as mesas, os Espíritos despertaram em larga escala a atenção dos que presenciaram tal fenómeno. Nunca teriam obtido o mesmo resultado pela psicografia (o médium escrevendo directamente com a mão por influência do Espírito), pois seria mais fácil a desconfiança de se estar perante uma fraude.

Obviamente, era difícil - impossível - apenas com a ponta de um dedo, e dois médiuns colocando um dedo na cesta ou prancheta, manobrar o lápis para escrever com celeridade mensagens completas e extensas.

Sempre houve comunicações mediúnicas, a Bíblia está recheada delas, mas no século XIX generalizou se o dom da mediunidade e o intercâmbio entre os dois lados da vida. O fenómeno da dança das mesas teve a função de atrair e convencer os incrédulos, acelerando o desenvolvimento do dom da mediunidade nos que aceitaram antes de reencarnar tal tarefa de mensageiro ou intermediário do mundo espiritual: o médium.

E teve a função de despertar para sua missão o maior dos incrédulos que, suspeitando a fraude e decidido a desvendá-la, ficou conhecido pelo Codificador do espiritismo: Allan Kardec.

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